A província de Catamarca, na região noroeste da Argentina, esconde muitas surpresas para quem vence a preguiça e decide conhecer suas terras. Imagina um lugar com pequenas vinícolas, dunas para fazer sandboard, vulcões, montanhas que superam os 6 mil metros de altura, termas para relaxar e um circuito feito de casas de adobe.
A pequena cidade de Fiambalá é uma das mais visitadas de Catamarca, justamente porque reúne tudo isso em um só lugar. Há alguns anos o famoso Rally Dakar passa por ali e por isso essa região ficou famosa internacionalmente.
Nós ficamos quatro dias na cidade e ainda faltou tempo para conhecer alguns lugares. Fiambalá é muito procurada pelos montanhistas profissionais porque ali ficam os Seis Miles, a segunda cadeia montanhosa mais alta do mundo, depois do Himalaia. Eu não escalei nenhuma montanha, mas visitamos a região e conto sobre isso em outro post. Neste vou falar sobre um passeio light e muito prazeroso. Uma visita à duas vinícolas e um passeio por belas termas naturais.
Vinhos orgânicos
A quase 1.500 metros de altitude em uma região semi desértica tive o prazer de caminhar por parreirais com belas vistas e conhecer a produção de vinhos orgânicos.
Na Vinícola Tizac fomos recebidos pelo dono que nos contou de maneira muito romântica o processo de elaboração dos seus vinhos. ¨A lua exerce um poder muito grande sobre as plantações. É incrível como o ciclo lunar influencia as parreiras. A cada 28 dias acontece um encontro romântico entre o planeta branco e a planta¨, conta Carlos Arizu, o propietário.
Ele leva isso tão a sério que faz o vinho chamado Plenilunio, um malbec onde as uvas são colhidas em noite de lua cheia. Daí vem o nome da bebida. Aliás, essa colheita já virou uma festa tradicional e na época da Páscoa, na noite de lua cheia, centenas de locais e turistas se reúnem na vinícola para colher e depois pisar as uvas. Esse é um dos eventos mais esperados do ano, onde as crianças também são bem-vindas.
Durante mais de uma hora percorremos parreirais com lindas dunas e montanhas ao fundo, vi como o vinho é engarrafado quase artesanalmente e depois ainda tive a sorte de etiquetar uma garrafa pela primeira vez na vida. Recebi as instruções das mulheres que trabalham nesse setor e lá fui eu. E olha que ficou perfeito!! ¨Tenho uma política de oferecer trabalho para as mulheres da região porque geralmente quem trabalha por aqui é o homem. Aproveito as qualidades de detalhe e precisão das mulheres, para que elas coloquem as etiquetas, entre outras funções¨, explica Carlos.
Ali fiquei sabendo que a vantagem de estar numa região com grande amplitude térmica, diferenças de temperatura, é que não é preciso usar agrotóxicos porque naturalmente não há predadores das plantas. Por isso algumas vinícolas produzem vinhos orgânicos.
Depois de visitar a Tizac, ainda tivemos tempo de conhecer a Don Diego. Essas são as duas maiores vinícolas da região de Fiambalá. Seguindo a Ruta 60, encontramos essa bela vinícola.
Com uma adega subterrânea para guardar até 100 mil garrafas e uma construção toda feita de adobe, um material típico da região, fomos recebidos para fazer um pequeno tour e saber um pouco mais sobre a produção de vinhos.
A finca, como dizem em espanhol sítio, tem 80 hectares e também produz somente vinhos orgânicos. Entre os mais famosos estão o malbec, é claro, cabernet sauvignon e o syrah. Depois da visita ainda tivemos uma pequena degustação.
Por enquanto, as duas visitas às vinícolas são gratuitas, mas parece que em breve na Don Diego será cobrada uma entrada.
Mais informações
Bodega Don Diego
Visitas guiadas diariamente: das 10h30 às 11h30 e das 17h30 às 18h30
Bodega Tizac
Visitas guiadas de segunda a sexta: das 9h30 ao 12h30 e das 15h30 às 18h30; aos sábados das 09:30 ao meio-dia.
Termas e muito relax
Depois de provar vários vinhos e de passear bastante, no fim da tarde fomos relaxar nas famosas termas de Fiambalá, quase aos pés da Cordilheira dos Andes.
As termas ficam a 14km da cidade e o lugar é mega tranquilo. São 14 piscinas naturais terapeuticas com águas termais que vão de 28°C até 51°C.
As piscinas estão rodeadas de enormes paredões de granito, em uma espécie de vale, a 1920 metros de altitude. Como a água quente vai descendo naturalmente das rochas, as piscinas estão dispostas em forma de escada, uma detrás da outra. As mais quentes ficam na parte de cima.
Começamos pelas piscinas mais frias e depois fomos aumentando a temperatura, só que eu parei na de 46°C porque não aguentei mais. Nessa mesma cheguei a ficar menos de três minutos. Me senti uma salsicha na panela hehe. O complexo termal é bem bacana, tem churrasqueiras e até alojamento simples para quem quiser passar mais de um dia por lá.
Eu adorei saber que as Termas de Fiambalá são administradas pela prefeitura. Tudo simples, mas bem cuidado. Uma dica, toda segunda e terça a entrada é gratuita para a população local, por isso tente evitar esses dias que costumam ficar lotados.
Mais informações
A entrada custa cerca de 5 dólares por pessoa. É proibido entrar com animais. É possível alugar toalhas e roupões. As termas estão abertas o ano todo, das 7h às 22h.
Onde se hospedar
Fiambala é uma cidade bem pequena, mas tem várias pousadas desde as mais simples até algumas com um pouco mais de conforto. De qualquer maneira, não vá esperando um mega hotel por lá porque não tem.
Nós ficamos hospedados quatro dias na Hosteria Municipal e gostamos.
O lugar é bem simples, a estrutura é um pouco antiga, mas os quartos estão bem equipados com ventilador e ar condicionado. Também tem um restaurante dentro da pousada que tem bons preços e a comida é gostosa.
Se quiser conferir outros alojamentos em Fiambala pelo Booking, veja aqui.
Ainda tenho muito mais para contar sobre Fiambalá, não deixe de acompanhar esta super aventura nos próximos posts.
Eu fiz esta viagem para a província argentina da Catamarca, com o blogueiro Esteban, Un Viajero Curioso, e nós recebemos apoio da Secretaria de Turismo de Catamarca