[dropcap letter=”G”]ostei tando de conhecer os graffitis “escondidos” de Buenos Aires que resolvi fazer mais um passeio. Percorri as ruas dos bairros de Palermo, Villa Crespo e Chacarita, em busca de outras obras inusitadas, mas desta vez o tour foi de bicicleta.
A Biking Buenos Aires fez uma parceria com o pessoal da Graffiti Mundo, a galera que mais sabe de graffitis na capital argentina. Eles montaram um tour super bacana que mostra aos viajantes uma boa parte da street art portenha.
A gente se reuniu na frente do Jardim Botânico e como era domingo, as ruas estavam super tranquilas. Uma ótima vantagem. As bicicletas são confortáveis, e também tem capacete e garrafinha de água pra cada pessoa.
Antes de fazer esse passeio, eu achava que graffiti era qualquer pintura feita com spray, mas acabei descobrindo que existem várias técnicas, como o stencil, por exemplo. Em outros casos, a pintura pode ser feita com tinta látex e somente alguns detalhes com spray. Fiquei sabendo também que alguns artistas, como o argentino Jaz, mistura gasolina e piche pra pintar, como dá pra ver nessa foto.
A primeira parada foi nessa pracinha em Villa Crespo. Como aos poucos esse lugar foi ganhando fama, a prefeitura da cidade colocou até uma placa mencionando os grafiteiros e agradecendo as empresas de pintura que supostamente ajudaram com o material. Mas a guia do passeio, Cecilia Quiles, contou que nenhuma dessas lojas deu nenhuma lata de pintura aos artistas. Vai entender… Bem coisa de político mesmo, né?
Boom grafiteiro
Depois da mega crise social e econômica que a Argentina sofreu em 2001, muita gente saiu às ruas para protestar contra o governo. Esse período acabou gerando uma espécie de boom do graffiti no país. Mas alguns anos depois, cansados de ver somente pinturas com temática política, palavras de ordem ou ideológicas, alguns grafiteiros quiseram somente embelezar a cidade e começaram a pintar figuras coloridas e inocentes, como essa dos ursos panda. “Esses artistas criaram uma espécie de corrente naif nas ruas portenhas. O objetivo deles é que as pessoas simplesmente admirassem uma bela imagem, sem que tivesse que ter nenhum teor político por trás”, explica Cecilia.
Continuando com a pedalada, um dos lugares que mais gostei de ter conhecido foi a garagem do ônibus 176, no bairro de Chacarita, entre as ruas Fitz Roy e Castillo. Imaginem o muro de um quarteirão inteiro pintado por vários artistas. Você está caminhando e de repente dá de cara com essas paredes enormes coloridas. Muito bacana!
Outra coisa doida que vi durante o tour foi essa casa no bairro de Palermo. A Cecilia contou que esse morador é fã da Cristina Kirchner. Por isso, o cara pintou na fachada da casa dele, com as cores da bandeira argentina, frases que a presidente costuma dizer. Bom, tem doido pra tudo neste mundo, né?
Palermo e Villa Crespo são os bairros mais “trendies” da capital argentina e muitos artistas e grafiteiros moram nessa região. Talvez por isso seja muito comum encontrar graffitis em fachadas de lojas e muros ali.
Depois de pedalar por quase 3h30, visitamos o último lugar do tour; o Post Street Bar (Thames, 1885, Palermo), http://www.poststreetbar.com. Um bar completamente decorado com graffitis. Ali também funciona uma galeria de street art, onde os artistas vendem e expõem seu material.
Última dica, quando você estiver passeando por esses bairros portenhos, dê uma atenção especial aos graffitis e descubra, assim como eu, que eles podem ser muito mais do que apenas marcas na parede. Tem gente que diz que os muros “falam”.
Esse passeio foi uma cortesia da Biking Buenos Aires.
Serviço
O tour de graffitis é feito aos domingos. Começa às 14h30 e o pessoal se reúne na frente do Jardim Botânico. Dura entre 3h30 e 4 horas, e o preço é de US$35 por pessoa. Além desse passeio, a Buenos Aires Biking faz outros tours interessantes pela cidade, sempre de bicicleta.
Se amarra nos graffitis? Tem outro post sobre isso aqui: Graffitis em Buenos Aires