[dropcap letter=”O”] mar é de um azul incrível, muitas crianças brincando nas ruas, construções que lembram que um dia esse lugar já foi importante e uma tranquilidade gostosa no ar, tudo isso foi o que vi e senti logo que cheguei à Ilha de Moçambique.
Passar um fim de semana lá me fez relaxar e querer dividir com todos meus amigos cada minuto. Costumo sentir isso quando vejo paisagens memoráveis. Gostoso mesmo é caminhar pelas ruas, observar o jeito tranquilo dos moradores e fazer tudo sem pressa. O tempo ali parece que realmente não passa. O contraste da beleza da natureza com as construções mal conservadas dão um charme extra ao lugar, que é Patrimônio Mundial da Unesco.
Esse pequeno pedaço de terra, ao norte de Moçambique, de apenas 3 quilômetros de extensão está dividido em duas partes; a Cidade Macuti (o nome se deve as casas que têm telhado coberto de folhas secas de palmeira, que se chamam macuti); e a outra parte é a Cidade de Pedra (onde as casas são mais novas e têm melhor estrutura).
Além do português, nessa região também se fala macua. Aliás, o nome da ilha em macua é “Omuhipiti” e significa esconder-se. Durante a Guerra Civil, que terminou há apenas 20 anos, muitas pessoas se refugiaram na ilha, o que acabou levando a essa super população de 18 mil habitantes.
Pra mim, a melhor atração da ilha é a Fortaleza de São Sebastião, construída em 1507, toda em pedra. Lá de cima se tem uma vista maravilhosa e se entende como o Oceano Índico foi generoso com essa terra. Também achei curioso o sistema de captação de água das chuvas. Dentro da fortaleza há 3 cisternas, que ainda hoje abastecem parte das casas da ilha. A entrada a fortaleza custa 200 meticais (cerca de R$14), com direito a visita guiada.
Além de caminhar sem pressa pelas ruas, tirar fotos e brincar com as inúmeras crianças, não deixe de fazer um passeio em dhow (barcos à vela, de madeira). Dá para conhecer pequenas ilhas desabitadas como Goa ou Sete Paus. Como o mar nessa região é absolutamente transparente, essa é uma boa oportunidade para fazer snorkel e, se tiver sorte, avistar até mesmo baleias. Há muitos barqueiros na ilha que oferecem o serviço, e também dá para pedir um na pousda onde ficar hospedado.
Um detalhe, por mais que o mar pareça limpo, não é em todo lugar da ilha que dá pra tomar banho. O costume dos locais de fazerem suas necessidades na praia mesmo é um problema. Os políticos já tentaram até mesmo multar os “infratores”, mas parece que não é fácil mudar esse antigo hábito. Quando estive lá, uma das praias onde tomei banho e curti, foi ao lado da fortaleza, na praia Náutico. Recomendo sempre perguntar qual é o melhor lugar, antes de entrar no mar ali.
Como chegar
Uma alternativa é ir até a cidade de Nampula e dali pegar um “chapa” (as vans de transporte público), mas o melhor é acertar um transfer com a pousada onde vai ficar hospedado. O trajeto é de 190 quilômetros, cerca de 2h30 de carro. Como o lugar é muito pequeno, não vale a pena alugar carro para chegar até lá. Na ilha você não vai precisar dele.
A melhor época para visitar esse maravilhoso lugar é de março a outubro, fora da temporada de chuva. E não esqueçam que além das altas temperaturas, em Moçambique há muita malária. Por isso, repelente e protetor solar não devem faltar na mochila.
Curiosidades
A ilha foi a primeira capital de Moçambique, depois a capital foi transferida para Lourenço Marques (atual Maputo), mas com o tempo foi perdendo prestígio e hoje é um lugar que sobrevive apenas do turismo, da pesca e pouco mais. Há várias versões sobre o nome da ilha. A que eu mais gosto é a que diz que um árabe influente de nome Mussa Bin Bique ou Mussa Al Mbique morou lá, mas como a pronúncia era difícil para os locais, com o tempo acabou virando Ilha de Moçambique, que também deu o nome ao país africano.
Como a ilha rendeu muitas histórias, no próximo post vou contar sobre a máscara de mussiro que as mulheres daquela região aplicam no rosto, e também vou dar nomes de pousadas por lá. Até a semana que vem!!
Hotéis
Veja os melhores hotéis para se hospedar na Ilha de Moçambique. Se você fizer a reserva através deste link, paga a mesma coisa pelo Booking e o Viagem Cult recebe uma pequena comissão que ajuda a manter o blog 🙂
Pois é, pouca gente conhece Moçambique. Mas quem sabe agora o povo se anima 🙂 Abraços!!
Ótimo post, sobre um local muito pouco conhecido pelos brasileiros! Só fomos para a África do Sul, mas tb achei o povo de lá muito simpático, e o país lindíssimo de modo geral.
Sim, sim, o filme é aquele Into the Wild, o melhor filme dos últimos tempos, na minha opiniao!! Beijos!!
Engraçado você falar dos amigos.. lembrei daquele filme que comentamos, em que o protagonista se dá conta de que “a felicidade só é real quando é compartilhada”. Que bom que você divide suas emoções conosco por aqui! Un besote!!