Lamu, uma ilha onde o tempo parou

Há vários anos ouvi falar de Lamu pela primeira vez e desde então fiquei com esse lugar na cabeça. Depois de passar quatro meses em Moçambique, me lembrei dessa ilha no Quênia e achei que era hora de conhecer esse lugar que durante muito tempo ficou na minha cabeça.

Voei desde Nairobi e depois de uma hora meia comecei a sentir a brisa do mar. Desci do avião e caminhei durante alguns minutos debaixo de um sol forte. Passei por uma ponte, ali encontrei um barco que me levou até o outro lado e depois de 10 minutos, finalmente, eu estava pisando em Lamu.

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Gente tranquila, burros por todos os lados e casas com uma arquitetura árabe, foram as primeiras coisas que vi. Na costa leste do Quênia, Lamu é um lugar muito peculiar. Não tem carros na ilha. O meio de transporte é feito basicamente com burros ou dhows, barcos à vela. É muito legal ver esses animais de um lado pro outro carregando bagagens, mercadoria de todos os tipos e pessoas.

Prepare-se para ouvir muito ¨pole pole¨. Essa palavra significa devagar. É algo que dizem muito em Lamu e reflete bem o estilo de vida que se tem por lá: devagar e sempre 🙂

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Para vocês terem uma ideia de como os burros são importantes, tem até uma ONG que cuida dos burros doentes, é sério. No começo também achei exagero, mas um homem me explicou que esse é o único meio de transporte que eles têm na ilha. Por isso é preciso cuidar desses animais.

Meu objetivo em Lamu era conhecer a ONG Anidan, um belo projeto do espanhol Rafael Selas, que há mais de 10 anos chegou na ilha e se deparou com um grande número de crianças carentes e órfãs. Aos poucos ele começou a ajudá-las e graças ao seu trabalho, perseverança e doações, hoje, a Anidan é um lar para 150 crianças e outras 100 que passam o dia na instituição.  Conto a história desse incrível projeto neste post. Leiam porque vale a pena!

História
Durante muitos séculos Lamu teve influência árabe, indiana, turca, otomana e até mesmo os portugueses estiveram ali. A ilha foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Humanidade por ter a cidade swahili mais antiga e preservada da parte leste da África.

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Casas brancas, em estilo árabe, com pátios no meio, quartos ao redor e belas portas de madeira esculpidas, é o que mais se vê na região. Enquanto caminhava pelas suas ruas estreitas, o lugar me fez lembrar um pouco o Marrocos.

Durante muito tempo a ilha esteve na rota comercial dos árabes, por isso a maioria da população é muçulmana e a tradição árabe continua bem presente. Tem cerca de 23 mesquitas na ilha.

É legal ver os homens usando uma espécie de saia, os coloridos kikoys, tipo echarpes enrolados na cintura. Achei um charme.

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O ambiente em Lamu é muito relaxado, as pessoas são super legais e o vai e vem das ondas convidam a se deixar levar, a não pensar e não fazer nada por um bom tempo. Sentei em alguns dos vários restaurantes à beira-mar e tentei entender como esse lugar ainda resiste às mudanças e à modernidade. Não cheguei a nenhuma conclusão, mas passei ótimas tardes nessa pitoresca ilha africana.

Também me diverti observando como os pescadores distribuiam sua mercadoria fresca em cestas de vime pelos restaurantes. Muitos estabelecimentos têm no cardápio: catch of the day. Isso mesmo, seu prato depende da sorte do pescador nesse dia.

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Belas praias
Além de passear pela cidade antiga e conversar com os locais, outro programa é conhecer as praias da região. Shela e Manda são as mais próximas e oferecem areia branca fofa, mar azul e pouca gente ao redor.

Desde Lamu dá pra ir caminhando até Shela. O trajeto pode demorar de 30 minutos a uma hora, dependendo da pressa de cada um. Para chegar em Manda é preciso ir de barco. Tem varias pessoas que oferecem passeios ou mesmo nos hotéis é possível arranjar um barco para os turistas.

Meu conselho é tentar negociar o preço com os donos das embarcações. Uma dica, em Lamu há vários homens que insistentemente oferecem excursões de barco ou querem mostrar hotéis aos visitantes. Tudo funciona na base da comissão. Então, prepare-se para dizer educadamente várias vezes que não.

A ilha é muito tranquila e como há muitos muçulmanos por lá, são poucos os lugares que oferecem bebidas alcoólicas, além dos hotéis. Durante a noite, uma opção bacana é o Floating Bar, uma casa que flutua no meio do mar. Nos fins de semana o lugar enche e é ponto de encontro de turistas e locais. Em terra firme, outra opção é o Petleys, um pub animado com cerveja e música para quem quiser chacoalhar um pouco o esqueleto.

Como chegar
Para quem tem paciência e não se importa em passar algumas horas num ônibus, desde Mombasa são 8h, e 6h30 desde Malindi. Para os que têm pressa em chegar e podem gastar um pouco mais, há voos desde Malindi ou Nairobi. As companhias aéreas que fazem o trajeto Nairobi-Lamu são Air Kenya, SafariLink e Fly 540 .

Quando ir
Em Lamu é verão quase o ano inteiro. Os meses mais quentes vão de novembro a abril. Nessa época prepare-se para temperaturas bemmmm altas e muita umidade. As chuvas vão de abril a junho, mas mesmo nesse período o tempo continua bom.

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Onde ficar
Há muitas guest houses e hostéis em Lamu. Eu fiquei hospedada uns dias na Alm’s House, um lugar bem simples, porém limpo e econômico.

Para quem procura mais conforto, eu super recomendo o “hippie chic” Lamu House, de frente para o mar. Também fiquei hospedada ali uma noite e curti muito. O hotel tem quartos aconchegantes e bem decorados, uma linda piscina e um restaurante que serve ótimos frutos do mar e um saboroso café da manhã. Além disso, o hotel tem um serviço de lancha que leva os hóspedes até a praia de Manda. Uma ótima opção para passar e saborear um bom almoço com os pés na areia.

Fachada do Lamu House Hotel
Fachada do Lamu House Hotel

Neste link você encontra todos os alojamentos que o Booking oferece em Lamu (tem pra todos os gostos e preços).

E para quem procura muito luxo e um lugar bem tranquilo para descansar, o Red Pepper é ideal. Esse é um hotel boutique com serviço cinco estrelas, muita privacidade e garanto que os jantares à luz de velas na beira da piscina vão ficar na sua memória por um bom tempo. Os meus continuam aqui bem presentes, à espera da próxima oportunidade de visitar essa ilha mágica de novo.

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5 Comments

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  1. says: Mochila Cult

    Que bom, Adriana. Se tiver a oportunidade, vá mesmo. Lamu é um desses lugares especiais que esconde várias surpreas aos viajantes que buscam esse tipo de experiências que não estão nos guias. Abraços!

  2. Puxa, leio muito sobre a África e não vejo a hora de ir até o Quênia e nunca ouvi falar de Lamu. Saber que além da beleza natural há alguém com um trabalho tão intenso e socialmente importante é mais uma motivação para visitar. Gostei D+ !!!

  3. says: Alvarez

    Bem interessante mesmo. Curto Muito acompanhar seu Blog Tia Lu. Viagens descoladas para lugares únicos… VALEU.

  4. says: tatiscot

    Lu, seu blog está demais!!! Parabéns!! Que vontade de embarcar nas suas aventuras.
    Super beijo
    Tati Escosteguy