Las Flores, turismo rural

Buenos Aires é uma das minhas cidades favoritas. Gosto de metrópoles, do barulho, de ver gente e de saber que a cidade oferece muitas atrações pra curtir, mas confesso que de vez em quando preciso respirar um pouco de ar puro e passar uns dias mais tranquilos. Faz pouco tempo descobri que a menos de 200 quilômetros da capital portenha existe um desses lugares para descansar e fazer turismo rural.

Passar um fim de semana num ritmo desacelerado, respirar ar de campo, andar a cavalo, provar doces e tortas caseiras, e conversar com moradores simpáticos e autênticos, tudo isso dá pra fazer na pequena cidade de Las Flores, na parte sul da província de Buenos Aires. Junto com os blogueiros argentinos Wenceslao Bottaro e Juan Pablo Paradelo, fui convidada pelo Município de Las Flores para participar de um blogtrip pela cidade.

Sabe aqueles lugares onde as pessoas, mesmo sem te conhecer, te cumprimentam na rua e perguntam de onde você é? Aquele ritmo tranquilo de moradores que entram numa farmácia e em vez de fazerem logo o pedido, batem papo com o farmacêfutico, tomam chimarrão e só depois é que se lembram que tem que comprar algum medicamento? Assim é que a vida passa por lá.

Um lugar com certo encanto rural, mas também com uma parte cultural e charmosa de cidade grande. Um bom exemplo é o Mapa, um moderno espaço de arte com sala de exposições, jardim de esculturas e uma aconchegante sala de leitura e cafeteria.

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Eu fiquei encantada com esse local. Assim como também me surpreendi com a enorme lagoa do parque Plaza Montero, lugar preferido dos moradores pra passear no fim de semana.

Rural
Além dos atrativos da cidade, o legal de visitar essa região é conhecer também o campo. O escritor argentino Bioy Casares passou grande parte da sua infância no pequeno vilarejo de Villa Pardo, que fica a 36 quilômetros de distância. A fazenda da família ainda fica por lá, mas não está aberta ao turismo. Na estação de trem de Villa Pardo, o pequeno museu leva o nome do famoso escritor e expõe peças antigas muito interessantes.

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Também na mesma região, pra quem curte turismo responsável e gosta de estar em harmonia com a natureza, o projeto Yamay chama a atenção pela sua inovação. Utilizando o princípio da arquitetura bioclimática, as casas dessa chácara são construídas com materiais locais (barro, madeira, bambu, pedra, e até mesmo tijolos feitos com garrafas pet).

O audacioso projeto do portenho Marcelo Giugglioni está no começo. A ideia é construir 11 casinhas para que os turistas se hospedem alguns dias na chácara e que ao mesmo tempo possam aprender técnicas de vida sustentável com pequenos cursos de construção natural, energias renováveis, reciclagem, horta orgânica, etc. O Yamay também trabalha com voluntários que queiram ajudar na parte da construção e no intercâmbio de conhecimento na área da permacultura.

Outra localidade rural que fica ali perto é Rosas, a 18 quilômetros de distância. Esse charmoso vilarejo tem apenas 50 habitantes. Ali mora a família Gopar que tem uma chácara pequena, mas com um coração grande.

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No meio da tarde, eles nos esperam pra tomar o chá; bolo de limão, de maçã, alfajores, palitos salgados, doces caseiros, chá e chimarrão, acompanhados de uma serenata de sanfona. A mãe termina de preparar os quitutes, a filha nos recebe com muita simpatia e o pai nos espera com a sanfona nas mãos. A reunião é embaixo das árvores e o programa fica completo quando percebo a humildade e o orgulho com que essa família apresenta seu projeto para receber os turistas.

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O projeto Casa Mia (ivana3112@gmail.com), idealizado pela Ivana, inclui um delicioso e farto chá da tarde musicalizado ($80 pesos) e um passeio a pé pela pequena localidade de Rosas.

Para fechar esse dia da melhor maneira que eu poderia imaginar, fomos visitar uma padaria rural. Outro empreendimento familiar. Forno a lenha aceso, cheiro de pão no ar, mãe e filho amassando biscoitos. Do lado de fora, o pai, sentado numa cadeira de rodas, nos conta histórias de antigamente, dessas que fazem a gente voltar no tempo.

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Ouço como o Sr. Mogni relembra com saudosismo a época em que conseguiu juntar dinheiro para comprar parte da sua atual padaria. Com muita vitalidade e graça, ele também conta como conheceu a sua esposa. Depois de provar algumas bolachas recém-saídas do forno e de ouvir muitas histórias engraçadas, vou embora pensando em uma das frases que ele disse e que me marcou muito: “Eu apostei pela vida!”

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Onde dormir
Las Flores é pequena e tem apenas três hotéis. O mais tradicional é o Gran Hotel Avenida, onde a gente ficou hospedado. Entrar nesse estabelecimento é como voltar no tempo; caixas registradoras, penteadeiras, móveis e muitos objetos antigos decoram e criam um ambiente de filme na recepção.

Os quartos são confortáveis e a localização é ótima, a poucos passos da praça principal. Além disso, o pessoal que trabalha no Gran Hotel Avenida é super prestativo e o atendimento é excelente.

Onde comer
Durante a nossa estadia conhecimos dois restaurantes na cidade; o El Caballito (Ruta Nacional Nº 3 Km) , que serve o famoso bife de chorizo e massas caseiras, e o Restaurante Las Vias (Av. Manuel V. Paz e Tucumán), onde me deliciei com um medalhão de frango recheado com batatas fritas.

Como chegar


O município de Las Flores fica a 190 quilômetros de Buenos Aires. Dá pra ir de ônibus desde a rodoviária de Retiro. As empresas Condor ou Rio Paraná fazem esse trajeto. Outra opção é ir com um serviço de mini-van, que sai do centro e te leva até a porta de onde você vai ficar hospedado na cidade. O trajeto dura aproximadamente três horas.

Essa viagem foi um convite do Município de Las Flores.

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