Em León se respira rebeldia e ideologia. A Nicarágua passou por 3 guerras e a última delas, uma guerra civil que durou 9 anos, deixou marcas profundas por lá. Histórias de guerras, combatentes, ideologias e muitas mortes estão por todas as partes nessa bela cidade nicaraguense.
Prova viva disso é o velho e em ruínas Museo de la Revolución, no centro de León. Orgulhosos ex-combatentes e guerrilheiros são os guias do museu, história contada em primeira pessoa. Boina estilo Che Guevara, mochila nas costas e muito entusiasmo, Marcelo Pereira, de 57 anos, lutou em várias guerras na Frente Sandinista de Liberação Nacional (FSLN). Ele começou cedo, com apenas 16 anos já tinha uma ideologia e acreditava que o seu país poderia viver livremente.
“Naquela época ser jovem na Nicarágua era um delito. A gente saía nas ruas para protestar e os policiais nos prendiam e nos torturavam. Passei mais de 15 dias nas montanhas lutando pelo meu país. Fui torturado e sofri muito, mas conseguimos”, conta com o olhar firme.
Nas paredes descascadas do museu vários recortes de jornal e fotografias históricas, algumas bem gastadas, decoram timidamente esse lugar que um dia foi um quartel. Imagens que resumem muitos anos de luta.
No lado de fora, pinturas do rosto de Che Guevara, Sandino e outros revolucionários observam quem passa por lá. No pátio, dezenas de homens, todos ex-combatentes se reúnem ao redor de uma grande cumbuca onde uma suculenta sopa é preparada. É sábado, dia de descanso e confraternização, mas a luta parece não tirar folga. “Nós não ganhamos pensão nem nada do governo. Mantemos este edifício com nosso esforço, doações e com o dinheiro que os turistas pagam quando visitam o museu”, explica.
Já se passaram 15 anos desde a última guerra nesse país centro-americano. Hoje a Nicarágua é um país livre e tranquilo. “A única coisa que desejo é que as próximas gerações possam ter o que a gente nunca teve; liberdade, paz, educação, saúde e trabalho”, conta Marcelo.
E se você tiver sorte, como eu, um dos guias pode te levar até o precário teto do museu para ver León das alturas, observar como ela está rodeada de vulcões e ouvir histórias de como a cidade cresceu e de como é preciso seguir lutando pelos ideais de cada um.
Além do museu, que super recomendo a visita, outro lugar famoso para conhecer um pouco mais da história do país é a casa do poeta Rubén Darío.
León deve ser caminhada aos poucos. Pelas ruas, vários murais que relembram os tempos de luta. Suas casas com fachadas coloridas e ruas de paralelepípedo se parecem muito com algumas cidades cubanas. A praça central onde fica a imponente catedral é o ponto nevrálgico. Essa imponente igreja, a maior da América Central, é Patrimônio da Humanidade. Uma dica bacana, dá pra subir até a cúpula da catedral para ter uma boa vista da cidade.
Além de passear pelo centro e observar como as estátuas de leões protegem seus cidadãos, é bacana ver como é a vida de cidade do interior. E para quem gosta de adrenalina, um super passeio é escalar o Vulcão Cerro Negro, a 25km, para depois descer fazendo ski-bunda em tábuas de madeira. Adrenalina pura, eu garanto!! Veja o vídeo que gravei lá!
Depois de conhecer León, outro lugar famoso na Nicarágua é a cidade de Granada, a 140km. A gente também passou por lá nesta nossa Honeymoonblogger e conto como foi em outro post.
Onde ficar
Não é sempre que a gente se hospeda em lugares tão lindos como este hotel, mas quando isso acontece… não queremos mais ir embora. Antigamente, o terreno onde hoje está esse belo hotel foi um convento. Por isso o nome do hotel, El Convento.
Um jardim com enormes palmeiras e chafariz recebem quem chega como se fosse uma espécie de miragem, porque o calor lá fora beira os 40°C fácil fácil. A decoração barroca e religiosa está em todas as partes; altares, maquetes de igrejas, quadros e muitos detalhes que fazem desse hotel um lugar único.
E como se isso fosse pouco, uma piscina no fundo espera pelos hóspedes, um lugar perfeito para descansar e relaxar.