Esses homens altos, magros e com fama de guerreiros sempre me intrigaram. Nesta viagem que fiz pela costa leste africana acabei conhecendo um pouco mais sobre a cultura dos masais, uma tribo semi-nômade e muito interessante.
Tive a oportunidade de passar dois dias na Reserva Masai Mara, no Quênia, e lá estive em contato com os masais. Nélson, o guia que me acompanhou durante os dois dias de safári, é um deles. Durante nossos passeios em busca de animais selvagens ele foi me contando algumas histórias e tradições do seu povo.
Orgulhoso, ele me disse que os masais vivem em harmonia com a natureza e conseguem tudo o que precisam ali. “Das plantas tiramos um repelente natural e com este outro arbusto escovamos os dentes”, conta. Lembro que ele tirou um galho, deu uma podada e começou a esfregar os dentes com isso.
A base da alimentação dessa tribo vem do gado; eles comem carne, bebem leite e sangue de animais, em ocasiões especiais. Isso mesmo, é comum que eles se alimentem com sangue de animais, como vacas e ovelhas. Nessa foto dá pra ver o que eles usam como recipiente para beber o sangue. O cone é feito de casca de abóbora.
Logo que cheguei na tribo fui recebida por um grupo de mulheres que cantou uma canção de boas vindas pra mim. Enquanto tentava imaginar o que elas estavam dizendo, fiz este vídeo.
Durante a visita, conversei com alguns deles e a parte mais curiosa que achei foi a dos casamentos. Vocês acreditam que o homem masai só pode escolher com quem vai casar quando fizer isso pela terceira vez? Ah, eles podem casar váaaarias vezes. Eu explico; a mulher do primeiro casamento é escolhida pela família. A segunda, pela primeira esposa, e só a terceira é que o marido pode escolher. Estranho, não?
Além disso, a tradição do dote continua presente nessa cultura. Segundo Nélson, o homem deve entregar 15 vacas à família da pretendente, como parte do dote, e 7 vacas à futura esposa. Não é à toa que a vida dos masais gira em torno do gado. A sua posição social se mede pelo número de cabeças de gado que possui.
Fiquei impressionada com a simplicidade que eles vivem. As casas são feitas apenas de barro, esterco e pedaços de lenha, e o teto é coberto de palha. Aliás, é papel da mulher construir a moradia. No interior da casa que entrei, de dois cômodos, só vi um colchão feito de folhagem e gravetos, na outra parte era a cozinha, com umas pedras amontoadas para acender o fogo. Não vi nada mais, nenhum pertence ou roupa. As casas não têm janelas, apenas um pequeno buraco na parede. Um conjunto de moradias formam um kraal, onde várias famílias dividem o mesmo espaço de terra.
Outro detalhe interessante é que as casas estão dispostas em círculo. No centro do terreno ficam os animais durante a noite, e ao redor das casas tem uma cerca feita com espinhos de acácias, para manter longe predadores, como leões, hienas e leopardos.
Tradições
Entre as diversas tribos africanas, a dos masais é uma das mais conhecidas, talvez porque eles façam questão de preservar suas tradições.
A sua vestimenta é um pano longo (shuka) amarrado ao redor do corpo, quase sempre vermelho, e sandálias nos pés. Além disso, eles sempre carregam uma espécie de lança na mão.
As mulheres têm o cabelo raspado e usam muitas bijouterias coloridas feitas de miçangas. Tanto os homens como as mulheres têm vários furos na orelha e os lóbulos alargados para pendurar adornos.
Na Reserva Masai Mara, no sul do Quênia, há várias tribos masais que abrem suas portas para os turistas. Aliás, muitas cobram entrada, e o dinheiro arrecadado serve para pagar os estudos dos menores e ajuda no tratamento de saúde dos mais velhos, quando precisam ir ao médico.
Uma característica curiosa é que muitos deles não têm os dois dentes da frente de baixo. Eles tiram quando são crianças e ficam como essa marca registrada.
Além do Quênia, há muitos masais vivendo na Tanzânia. Eles vivem ao longo do Rift Vale, em regiões semi-áridas. Não se sabe o número certo de quantos são, calcula-se que a população gire em torno de meio milhão nos dois países.
Gostei muito da visita que fiz e de ter tido contato com pessoas tão diferentes e aparentemente desprendidas de bens materiais. Se você tiver a oportunidade de viajar ao Quênia ou à Tanzânia, recomendo conhecer a rica cultura dos masais.
Conheci a Reserva Masai Mara a convite do Sanctuary Olonana.
Oi, Soraya. Minha dica é entrar em contato pela internet com orfanatos antes de chegar lá para ir ganhando tempo e perguntar se precisam de ajuda, etc. Boa sorte!
Muito interessante seu Post! adorei mesmo.
To indo passar duas semanas no Kenia ( Mombaca) . Incluindo Safari de 5 dias.
Gostaria muito de poder visitar um Orfanato , ajudar um pouco e aprender um pouco com eles tbem.
So que nao tenho muito tempo! Como poderia estar fazendo para obter essa informacao! Desde ja te agradeco!”
Olá. Que bom que vc gostou do post. Então, para visitar os masais o melhor mesmo é ir com guia. De qualq. maneira, se vc for fazer um safári, vc já vai estar com guia. No hotel em que fiquei hospedada, o Olonana, eles têm uma aldeia de masais e os hóspedes não pagam pra visitá-los. Tanto no Quênia quanto na Tanzânia os masais são bem conhecidos e o programa é bastante turístico. Vc não vai ter dificuldade em conhecer alguma. Recomendo vc procurar uma boa empresa de turismo pra fazer tanto o safári como a visita. Nas próximas semanas vou escrever um post sobre como escolher uma boa companhia de safári. Fica de olho!! Sobre o Kruger, eu não visitei, mas quem já foi diz que os parques da Tanzânia e do Quênia são muito melhores; mais autênticos, mais “roughs”, é menos zoo turístico. Pelo que vi, o Kruger é asfaltado e tal. Os parques que visitei eram no meio da selva mesmo, tudo bem natural!! Tem outro post que escrevi sobre um safári que fiz na Tanzânia. Dá uma olhada lá. http://mochilacult.com/2012/12/17/hakuna-matata/
Abraços!!
Adorei seu post e fiquei ainda mais interessada em conhecer a tribo.
Poderia dar um pouco mais de dicas? Onde êh melhor se hospedar para fazer este passeio? Tem alguma empresa que leva? Os safaris no Quênia e Tanzânia são muito piores ou melhores que o kruger?… Quero muito ir 🙂
Super obrigada e parabéns
Bjs
Obrigada. É realmente tudo muito interessante. Quando estive lá eu mal acreditei que tinha visto masais só na tv…e agora era eu quem estava lá conversando com eles!! Abraços
Nossa, que post maravilhoso! Visitar lugares assim é muito bom! Só dispenso beber sangue…
A cultura do casamento é bem diferente, nunca tinha ouvido falar.
Abraço!