Há muito tempo que eu tinha vontade de conhecer outros países onde se fala português, além do Brasil e de Portugal. Meu projeto pessoal de ano sabático e voluntariado acabou me trazendo para Moçambique, bem ao sul do continente africano.
Quando estava escolhendo para qual país da África iria, só tinha duas exigências em mente, que esse lugar tivesse praia e se falasse português. A minha ideia era poder me entrosar bem com a população e aprender o máximo possível dessa experiência. E Moçambique caíu como uma luva.
Chegando aqui me dei conta de que eles têm um sotaque diferente daquele que imaginava. Poderia definir que é uma mistura entre o português de Portugal e um pouco do ritmo relaxado do nordeste brasileiro. Uma das primeiras palavras que aprendi quando cheguei foi “maningue nice”. Gostei dela pelo som e também do seu significado: muito legal!
Em Maputo caminhei muito. Como o transporte público aqui é mega deficiente, optei pela sola de sapato mesmo. Na cidade há pouquissimos ônibus, os moçambicanos têm uma tarefa árdua para circular diariamente. A quase única opção são os ”chapa-cem”, vans super lotadas que fazem alguns trajetos. Para os turistas, a forma mais fácil de locomoção é pegar um táxi e negociar o preço antes ou usar os chopelas (motos-táxi, tipo indiano), que costumam sair mais em conta.
Eu conheci vários bairros a pé e sempre que podia parava para bater papo com os moradores. Maputo não é bonita à primeira vista. Os edifícios estão em mal estado de conservação, há bastante sujeira nas ruas, além de muita poeira e terra. Algo que às vezes incomoda um pouco, mas nada disso foi suficiente para me desanimar.
Percorri o centro várias vezes e me encantei com alguns lugares. Um deles foi o edifício da estação ferroviária de Maputo, o Caminhos de Ferro de Moçambique. Entrar ali é como uma viagem no tempo, o relógio da estação sempre marca 2.55 da tarde, e parece mesmo que o tempo não passou por ali.
Com seus bancos de madeira, longas plataformas, colunas de mármore e locomotivas antigas em exposição, a estação ainda está em funcionamento. Os trens que partem dali ligam Maputo a outras cidades do país. Até Leonardo di Caprio já passou por lá, ele gravou cenas do filme ”Diamantes de Sangue” nessa estação. Durante as noites de sexta-feira, o point é lá. O bar Kampfumo, dentro da estação, é um local descolado para tomar umas cervejas, ouvir música e encontrar alguns locais e muitos estrangeiros.
Outro lugar que adorei foi o Museu de História Natural de Maputo. Achei esse prédio um dos mais bonitos da cidade. Descobri que lá dentro tem uma coleção de fetos de elefantes, que segundo o museu, é a única no mundo. Também fiquei sabendo informações curiosas, como a de que a gestação dos elefantes dura 22 meses e que os filhotes já nascem com cerca de 100 quilos.
O museu também tem uma curiosa coleção de apoia-nuca e travesseiros de madeira. Nunca tinha visto nada parecido. Fiquei pensando em como alguém poderia descansar nesses tocos duros de madeira. Vá saber. Além disso, curti ver diversos animais empalhados; impressionantes hipopótamos, cobras enormes, leões, elefantes, girafas e muitos outros. O museu fica na Praça Travessia do Zambeze, 104. A entrada custa 50 meticais, aproximadamente R$3. mhn.museumoz.org/wp
E para terminar, conto sobre outro lugar que curti muito em Maputo. Vi um belo pôr do sol no Jardim dos Professores, bem próximo ao Museu de Historia Natural. Acho que esse é um dos melhores lugares da cidade para assistir a um belo fim de tarde. Foi maningue nice!
Hotéis
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Oi Sophia, depende da sua nacionalidade. Se você for brasileira, precisa sim e tem que tirar antes de chegar em Moçambique. Veja bem essa informação antes de embarcar. Abraços.
é necessário visto para viajar à Maputo?
Oi Livia. Aaaaiiii Maputo, que delícia e que nostalgia lembrar dessa cidade. Eu estive lá em 2012 e não achei uma cidade perigosa. Caminhar durante o dia até o fim da tarde, pelos lugares mais turísticos, foi tranquilo e nunca tive nenhum problema. Eu tomava meus recaudos e não caminhava sozinha à noite e também não passava por lugares onde havia poucas pessoas. Hoje em dia não sei te dizer com certeza como está a situação por lá, mas acredito que seja semelhante. Sobre hospedagem, eu fiquei na casa de amigos, então não posso te indicar nenhum lugar. Um bairro onde há muitos estrangeiros e é bastante tranquilo é a região do Museu de História Natural e o Jardim dos Professores. Boa viagem, Livia. Saudades imensas que tenho de Moçambique. Um país maningue nice 🙂
Ola Lucila! Estou pensando em ir para Mocambique nas minhas ferias e gostaria de lhe fazer algumas perguntas.. Pretendo ir para Maputo saindo de Joanesburgo, estou pensando em ir sozinha ja que as minhas datas nao estao coincidindo com as dos meus amigos. Maputo e’ uma cidade perigosa para se caminhar e conhecer os pontos turisticos durante o dia? E voce teria alguma dica de acomodacao, qual a melhor localizacao para se hospedar etc.. Desde ja agradeco pela sua atencao e parabens pelo Blog! Abracos
Obrigada, Luana. Apareça sempre e mais ainda qdo. estiver com saudades de Moçambique 🙂
Beijos!
Legal o blog, Lu! Continue a escrever sobre suas experiências em Moz! Bjs
É verdade, mas sabe que acabei não pegando nenhum chopela? Quem sabe na volta. Bjs
Que bom saber que você está gostando das coisas por aí.
Caminhar é realmente a melhor opção para conhecer Maputo e seus personagens. E, quando se está muito cansado, principalmente para ir da parte baixa a alta da cidade, nada mais divertido que uma corrida de chopela!
Boa sorte na sua estada.
Gracias, Mia. Así podés viajar conmigo tmb 🙂 Besos!!
Gracias por e reportaje! Es siempre super interesante seguirte en tus viajes! Besooosssss
🙂 Que bom que gostou, Eduardo!!
Apareça sempre pra ler os posts!
Ficou maningue nice o texto e as fotos 🙂