Mais um post da série “Volta ao mundo em 12 blogs”. Esta semana tem dicas ótimas do casal internacional Raphaella Requião (brasileira) e o Sebastian Martinez (uruguaio), que resolveram dar uma volta ao mundo juntos! Love is in the air, pessoal!
A Rapha foi a “idealizadora” do projeto. Ela ficou mega inspirada depois de ter conhecido vários mochileiros que também deram uma volta ao mundo. Um dia ela comentou a ideia com o namorado, e apenas 6 meses depois os dois estavam pegando o primeiro avião com destino a essa incrível viagem.
A Raphaella escreve o blog Volta ao Mundo, no jornal Gazeta do Povo. Nesta entrevista ao Mochila Cult, ela conta como é viajar acompanhada, as dificuldades e as vantagens de ter alguém ao lado 24 horas por dia, e dá várias dicas sobre o que levar na mochila. “As brigas e discussões são inevitáveis. O aprendizado é constante, e tem que amar muito”, revela.
Os dois acabaram de terminar essa viagem que durou um ano e dois meses, depois de conhecerem 26 países. Com vocês, as dicas e histórias da Rapha e do Seba.
Quantos países vocês conheceram? Como estão as expectativas para o retorno?
Ando com frio na barriga de pensar em voltar. Uma mistura de sentimentos de saudade, vontade, medo, ansiedade. Tudo junto. Já devíamos ter voltado. Pelo nosso planejamento era pra gente ter viajado por um ano, mas atrasamos e agora já estamos quase completando 1 ano e 2 meses. Íamos fazer Canadá e México também, mas pelo cansaço, vamos voltar aqui dos EUA.
Sendo mulher, imagino que foi mega difícil organizar a mochila e escolher o que levar, né? Qual é o peso ideal? O que não pode faltar numa mochila pra quem vai dar uma volta ao mundo?
Foi muito difícil porque não sou muito prática. Sempre exagerei na quantidade de roupa com aquele pensamento de que posso precisar. Coloquei as roupas que queria em cima da cama e fui montando a mochila, cantinho por cantinho, e então eliminando o que poderia ser superfluo. Como pegamos verão na maioria dos países, foi mais fácil porque roupa de verão não ocupa muito espaço. Agora, no final da viagem já posso dizer que muita roupa é desnecessário e que dá pra começar a viagem com o mínimo.
Tipo, duas calcas, uma confortável e uma mais arrumadinha, blusinhas de cores básicas que possam ser usadas com qualquer coisa, uma ou duas mais de frio, um casaquinho, umas cinco calcinhas (carefree é essencial para mantê-las em bom estado), três a quatro meias. Lenços podem ser uma boa para deixar o look mais arrumadinho e disfarçar o modelito que pode ser o mesmo por dias seguidos. Uma roupinha mais arrumadinha para ocasiões mais especiais, umas três bermudas, chinelo, tênis muito bom, especial para o teu tipo de pisada (tênis de corrida) e uma sandalinha. Levei mais que isso, claro!
Máquina fotográfica boa não pode faltar e uma necessarie com cabide pra pendurar em qualquer lugar ajuda bastante. Nada de muitos cremes e potes grandes de shampoo. Isso se compra pelo caminho. Uma toalha de rápida absorção também é essencial, não ocupa espaço e é super prática.
A dica é comprar uma mochila boa, muito boa, confortável. Compramos uma top e foi o que salvou. A minha saiu do Brasil com 17 kg, mas algumas vezes esteve com 20 kg. Podia ter saído com um pouco menos. Mas eu já estava no limite da minha praticidade (rs). Chega uma hora que não dá pra pensar em colocar a mochila nas costas, de tão cansada. É muito mais prazeroso ser simples, mas não é fácil.
Não dá pra comprar muita coisa em cada país. Como você faz pra não querer levar tudo?
Esse é outro desafio. Sempre fui consumista e isso não some assim de uma hora pra outra. A cada dia era um exercício novo. Muita coisa deixei de lado porque não tinha como carregar mesmo. Coisas pequenas socava na mochila, mas grandes não dava. Em alguns países planejamos mandar uma caixa para o Brasil por navio e então sabia que poderia comprar uma coisa ou outra, mas quando não estava nos planos não comprava.
Mandamos quatro caixas ao todo, por navio e todas chegaram sem parar na receita. Foi sorte. Por exemplo, sabia que da Itália iria mandar uma caixa porque queria muito comprar máscaras de Veneza, então pude comprar umas coisinhas por lá. Na Indonésia também. Tudo é muito barato e não resisti. Comprei coisas maiores, como esculturas de madeira, cangas, sedas, pratas, alguns presentes. Mas não é regra. Tem que planejar. Aproveitava as caixas e ia trocando de roupa, comprava uma coisa nova e mandava de volta o que não aguentava mais usar. Ou colocava no lixo mesmo!
Vocês fizeram seguro saúde, é recomendável? Como escolher um bom? Vocês usaram alguma vez, como foi?
Seguro de saúde é essencial. A gente nunca sabe quando vai precisar e para entrar na Europa, por exemplo, é obrigação ter. Fizemos o Assist Card. Procurei um médico especialista em medicina do viajante (não sabia também que existia) e foi muito bom porque ele ficou responsável por mim na viagem. Era minha base. Fez recomendações de vacinas, remédios para levar, receita em inglês, caso precisasse explicar os remédios, e foi ele quem me indicou o seguro saúde. Ele indicou três empresas: Travel Ace, Assist Card e Vital Card.
Precisei usar sim. Tive uma inflamação nos dois pés, chamada fascite plantar. Foi terrível, de tanto caminhar com sapatos nada apropriados. Usava rasteirinha achando que era o mais confortável e foi a pior escolha. Depois, conversando com meu ortopedista descobri que o mais recomendado é sempre usar sapatos que tirem o calcanhar do chão, nada plano. Tive que fazer fisioterapia por uma semana e tomar remédios para dor e inflamação. Caminhei por mais de quatro meses com dor sem saber o que tinha. O único problema desses seguros, acho que em qualquer lugar do mundo, é que eles consideram algumas doenças como pré- existentes para não ter que pagar, e foi o que aconteceu. Pagaram a consulta médica, mas o tratamento com fisioterapia não.
Na volta, vou ter que brigar com eles para receber a grana alta que paguei. Nunca tive inflamação nos pés antes para eles considerarem pré-existente. Acredito que o seguro é para emergências do tipo quebrei um braço, acidente de carro, trem, etc. Só isso. Mas tem que ter. Não tem jeito.
Como é viajar em casal? 24 horas, literalmente, juntos não deve ser sempre fácil, né? Qual é o segredo? Dicas?
Não é nada fácil. Qualquer tipo de convivência tão intensa assim é desgastante. Ficar sozinho de vez em quando é bom, necessário. Conversar com amigas, com mulheres, faz muita falta. Papo feminino, sabe? Sensibilidade feminina, futilidade feminina (rs)!
A dica é separar um tempo pra fazer as coisas sozinhas, passear, ficar no hotel que seja. Às vezes viajar sozinha ou encontrar amigos. Desgrudar um pouco é essencial. Nem sempre dá, às vezes dá até uma insegurança, mas precisa. E claro, exercitar muita paciência e tolerância também ajuda. As brigas e discussões são inevitáveis. O aprendizado é constante, e tem que amar muito!!!
Como vocês fizeram pra escolher os destinos? Negociaram entre vocês?
Sim, negociamos, mas essa foi a parte mais fácil. Não tivemos problemas quanto a isso. Sempre chegamos a um consenso. A maioria das coisas era novidade, ou pra mim ou pro Seba, e qualquer lugar novo seria uma delícia conhecer! É preciso também ceder, sempre alguém tem que ceder.
Que conselhos vocês dariam pra quem quer fazer uma aventura como essa?
Tem que ter coragem e um certo desapego. Ou tem que criar isso. Planejar um pouco e juntar grana. Parece impossível pensar em fazer isso porque se imagina um custo muito alto. Hoje em dia existem milhões de possibilidades para se fazer viagens baratas, como Round The World tickets, couchsurfing, trabalhar no meio do caminho, procurar países baratos como Indonésia, Tailândia, Laos, Camboja. É possível sim, basta sonhar e ousar!
Quem quiser seguir as aventuras do casal, pode ler estes e outros posts no blog da Rapha:
Contatos da Raphaella:
www.facebook.com/raphaella.bicca
Blog: www.gazetadopovo.com.br/blog/volta-ao-mundo