Imagina escalar um vulcão, chegar até o seu cume e ter paisagens incríveis aos seus pés em apenas 8h de caminhada. Esse tipo de aventura é possível em Pucón, no sul do Chile, porque o Villarica fica bem perto da cidade e muitas pessoas se aventuram por lá. Esse vulcão tem 2.847 metros e um dos seus maiores atrativos é que ele continua ativo. A sua última erupção foi em março de 2015.
Quando comecei a pesquisar sobre Pucón e vi que era possível subir o Villarica fiquei mega empolgada e logo quis fazer o mesmo. Neste post eu conto tudinho sobre essa experiência. Vem comigo!!
Agências
Hoje em dia não é possível subir o vulcão sem guias e sem contratar o serviço de uma agência. Só dá para subir sozinho se a pessoa for montanhista profissional, tiver todo o equipamento necessário para escalar e andar na neve e também é preciso ter uma credencial de montanhista. Mesmo assim, segundo os guias, essas pessoas correm o risco de se perder ou sofrer algum acidente no caminho.
Esse é um tour caro por isso vale dar uma pesquisada antes. A maioria das agências fica na Calle O´higgins e cobram em temporada baixa entre 120 e 135 dólares a subida por pessoa. Esse valor inclui todo o equipamento (mochila, bota para caminhar na neve, crampões, calça e casaco de nylon, máscara de gás para quando estiver na cratera e capacete), transporte e guias.
Como escolher a agência?
Essa é uma tarefa difícil já que os preços são bem parecidos. Meu conselho é escolher uma onde os guias falem espanhol ou, melhor ainda, português. Antes de fechar, pergunte muito sobre o equipamento: se as botas são realmente impermeáveis, se você pode experimentar o calçado um dia antes, etc. Tire todas as suas dúvidas porque esse é um tour caro.
Eu fui com a Agência Florencia. Os guias foram bem bacanas, mas não gostei muito do equipamento. A minha mochila estava bem estourada e as botas úmidas e com um cheiro terrível. Achei que os guias também poderiam ter explicado o material que tinha dentro das mochilas e para que servia cada coisa, já que cada um carrega a sua e são bem pesadas, cerca de 6kg.
Clima
Antes de decidir, veja como vai estar a previsão do tempo porque para subir o vulcão é preciso ter bom tempo. Nessa região o clima muda muito depressa e não adianta só ter sol, também é preciso que não esteja ventando ou chovendo. E aí está a pegadinha das agências! Quando você vai perguntar sobre a previsão para os próximos dias eles até podem dizer se vai estar bom ou não, mas o que eles não costumam avisar é sobre os ventos. E foi exatamente isso o que aconteceu comigo 🙁
No dia que subi estava ensolarado mas o vento foi tão forte que acabou prejudicando a subida até a cratera. Quando comentei sobre isso, os guias disseram que o clima ali muda muito depressa. Isso pode até ser verdade, mas achei que eles já sabiam que nesse dia ventaria bastante e a agência não adiou a subida.
Dica, cheque muito bem a previsão porque uma vez que o pagamento for feito e a subida começar e por qualquer razão meteorológica não for possível continuar, a agência não devolve o seu dinheiro. E caso você queira tentar sorte no dia seguinte, vai ter que pagar de novo. Ahan, isso mesmo. Uma sacanagem! Por isso os guias muitas vezes dizem que é uma ¨tentativa¨ de subir e não uma garantia.
Um conselho, justamente por conta do clima faça a subida logo nos primeiros dias porque caso o clima não esteja favorável, você ainda pode tentar nos próximos.
Preparação
Quem acha que essa é uma subida fácil, se engana! As agências aceitam todo mundo que pagar, mas não avisam da dificuldade. Eu não sou esportista, sou magra e faço ioga uma vez por semana, se é que isso ajuda alguma coisa hehe, e tive bastante dificuldade para subir. Nesse dia ventou muuuuuuito, mas muuuuito mesmo, e a cadeirinha do teleférico que leva até um certo ponto e poupa 1h de caminhada não funcionou por conta do vento.
Meu conselho para se preparar: faça caminhadas nos dias anteriores carregando uma mochila com uns 6kg, que é mais ou menos o peso que você vai ter nas costas quando for subir.
Alimente-se bem nessa manhã e leve na mochila: 2 bananas, 2 barrinhas de chocolate, 1 barrinha de cereal, 1,5 litro de água, 1 sanduíche e frutas secas. Acredite, você vai precisar de tudo isso!
Subida
Prepare-se para acordar muuuito cedo. Geralmente o encontro na agência é por volta das 6h30 da manhã. Você vai receber a mochila com todo o equipamento que terá que carregar. Dali a van sai para o vulcão e demora uns 30 minutos até chegar à base.
A subida começa quando o dia está ainda amanhecendo. No começo você vai ver muita gente junta, de várias agências, mas a medida que a subida começa o povo vai se separando por conta do ritmo de cada um.
Se as cadeirinhas do teleférico estiverem funcionando, pague (15 dólares) e suba nelas. Não seja pão duro nessa hora. Você vai me agradecer. Quando eu fui não estavam funcionando porque tinha muito vento e somente esse trajeto é uma caminhada bemmm puxada de 1h.
Ao longo da subida a vista vai ficando cada vez mais bonita. No verão e no outono a neve só começa da metade para cima, por isso é mais fácil subir nessa época do ano. Os guias calculam que são necessárias cerca de 5h para subir e umas 2h para descer. Se tem bastante neve, a primeira parte da descida é feita de ski bunda 🙂
Voltando a minha aventura, tudo ia muito bem até que começaram umas rajadas de vento que, segundo o guia, estavam previstas para a parte da tarde mas que resolveram aparecer logo no início. Imagina um tufo de vento de 50km/h na sua cara! O vento era tão forte que chegou a me derrubar várias vezes. Quando o guia me soltava, eu caia tipo boliche.
As primeiras pessoas começaram a desistir, mas eu queria um pouco mais. Suando muito, com o nariz escorrendo por causa do vento forte e carregando a mochila pesada, consegui chegar a 2.300m e pelo menos pisei na neve, mas as condições climáticas não estavam favoráveis nesse dia e todo mundo teve que descer.
Um grupo pequeno conseguiu chegar até o glaciar, mas dali para cima os guardas que monitoram o vulcão já não deixaram subir mais. Quando a natureza é mais forte do que a nossa vontade, só resta obedecer.
Essas foram as fotos que tirei antes de começar a descer. Realmente não sei se teria conseguido chegar até a cratera se não estivesse ventando tanto e se o teleférico tivesse funcionado. Quero acreditar que sim. 🙂 Mesmo assim, super valeu a experiência e todo o esforço físico!!
Dicas valiosas
– use 2 meias ou uma mais grossa por causa da bota da agência que pode ser meio dura;
– use capas de roupa para ir tirando no meio do caminho, se sentir calor;
– leve gorro, se estiver ventando ele é a melhor salvação;
– protetor solar, não esqueça e passe várias vezes durante a subida;
– não esqueça do óculos de sol;
– peça bastões na agência, eles fazem toda a diferença na hora de subir. Geralmente só os guias levam bastões, mas acabam dando para o grupo no meio do caminho. Porém, se você já sair com dois é uma mão na roda. Acredite!
– evite acidentes. Siga à risca as indicações dos guias. Não quero assustar ninguém, mas esse tipo de tour é arriscado e é fácil cair ou se machucar na subida ou descida. Por isso mega recomendo fazer tudo o que eles dizem. Volta e meia pessoas morrem ou desaparecem no vulcão, alguns por imprudência outros por fatalidade mesmo.
E você, conseguiu subir o Villarica? Se quiser deixar a sua dica sobre esta aventura, vamos adorar saber. É só deixar um comentário aqui embaixo.
Hospedagem
Foi difícil escolher onde me hospedar porque tem muita oferta na cidade. Acabei optando por ficar bem pertinho do Lago Villarica e acertei em cheio. Fiquei hospedada no Frontera Pucón Hostel B&B, que é de um casal brasileiro, e amei esse lugar.
O Frontera fica a meio quarteirão do lago, tem uma vista privilegiada do vulcão, é super silencioso, tem apenas 5 quartos, a casa é mega confortável, tem ótima calefação e chuveiro super quente. Além de tudo isso, o Leo ajuda com toda a informação que você precisar e como é um hostel, eu diria um hostel super boutique, dá para usar a cozinha que é mega equipada e limpa a qualquer hora.
Estou indo em agosto !! Será que vou conseguir chegar no topo ??? Quero mtoooooooooooo
Oi, Alessandra. Entendo a sua frustração perfeitamente porque comigo aconteceu exatamente a mesma coisa, como contei no post. Eu sabia que o tempo poderia mudar e quando perguntei um dia antes me disseram que as condições climáticas eram boas e que somente na hora poderiam saber se algo ia mudar muito ou não. O que eu achei um pouco estranho também.
No dia que fui, nem mesmo o teleférico funcionou por conta do vento forte e mesmo assim o guia disse que poderíamos subir. Chegamos só até a metade do caminho porque o vento era realmente extremamente forte, eu não conseguia nem ficar parada. Também me senti frustrada, mas por outro lado, sei de turistas que morreram tentando subir sem guias ou por acidentes com os crampões na neve, então preferi respeitar e aceitar a decisão do guia nesse momento. Porém, vale o seu relato para alertar outros turistas a perguntarem bem sobre as condições climáticas e que façam um ¨acerto¨ antes de subir, em caso de tempo ruim ou que o tempo vire lá em cima. Um abraço.
Oi, Roberto. Que bom que gostou das dicas 🙂 Olha, vai treinando mesmo porque eu achei a subida bem difícil. Por outro lado, verifique bem a previsão do tempo e converse com a agência para ter boas indicações de como vai estar o tempo porque se começar a ventar ou fechar o tempo, eles não devolvem o dinheiro. E o pior é que eles sabem quando vai fazer tempo ruim e não costumam avisar os turistas disso para lucrar de qualquer maneira com a subida. Fica de olho. Abraços e ótima subida pra você!
Fiz a subida hje no vulcao Villarica e estou mega frustrada pois faltando 1000 metros p chegar a cratera depois de muito esforço o guia da operadora q fui , pucon aventura, disse q teriamos que descer por causa do vento que teria mudado a posicao…alguns grupos desceram outros seguiram para o cume do vulcão..me sinto lesada pois eles conseguem saber a condição do vento com antecedencia nem o se o teleférico, que economiza Uma hora de caminhada, esta funcionando , cada operadora fala uma coisa ,sendo que quando contratei o passeio eles nao mencionaram em momento nenhum que tinha a possibilidade de ocorrer adversidades como vento e direção do gás vulcânico , muito pelo contrario eles afirmam somente a chegada na cratera …o intuito de muitas agencias é apenas o lucro nao passam todas as informações necessarias e chegam la na hora e aproveitam da falta de experiencia e ignorância dos turistas para oferecer passeios sem explicar o que realmente pode acontecer , lamentável .
Cuidado com as operadoras em pucon , adoram jogar um papo nos turistas.
Muito show suas dicas. Estou indo no mês de março e espero muito chegar ao topo do vulcão.
Pelo que vc disse é bem complicadinha a subida. Vou começar a caminhar uns 30 dias antes de embarcar para o Chile. Obrigado. Bjs.